(©Texto do Dr. Tito Armando Rossi)
A partir de meados do século XVI o sistema mercantilista de economia dominada absolutamente pela monarquia foi sendo substituído pelo capitalismo em que os meios de produção pertencem ao capital. Esse sistema permite o surgimento de inúmeros empreendimentos através da livre iniciativa competindo entre si pela preferência de consumidores. Sua força maior está na produtividade pelo estímulo superior ao investimento em trabalho e recursos naqueles projetos que se evidenciam lucrativos. Seu inconveniente está em que a divisão entre proprietários controladores e trabalhadores assalariados tende a provocar grande desequilíbrio econômico, apenas, precariamente ressarcido por benefícios sociais.
A contestação mais radical a esse sistema surgiu com a doutrina comunista adotada pela União Soviética a partir de 1922. Ela tem como características principais o monopólio dos meios de produção pelo Estado e submissão a um Partido Único. A falta de liberdade, corrupção e incapacidade para atender as demandas da população conduziram à derrocada.
Nas empresas de economia mista se combinam recursos do Estado com os de particulares. O sistema pode apresentar as vantagens de ambas empresas, todavia, frequentemente registra os seus maiores vícios.
O cooperativismo moderno surgiu na Inglaterra na década de 1840. Caracteriza-se fundamentalmente pela constituição de empresas por seus próprios executores que têm peso igual nas votações e recebem o retorno das sobras operacionais proporcionalmente à produção de cada um. A nossa legislação cooperativista, ao ser elaborada, considerou as cooperativas como um sistema auxiliar. Conquanto bem concebida, tende a restringir seu desenvolvimento. Atualmente, considerando os diversos ramos e proficiências que as cooperativas passaram a abranger, a lei deveria ser adequada com a agregação de novas sublegendas e prerrogativas.
O sistema cooperativista é democratizante, com potencial superior para oferecer equilíbrio entre os participantes. Pode-se afirmar que seu crescimento se dá em velocidade inferior ao que seria desejável. A maior dificuldade, talvez, resida no despreparo por parte dos próprios sócios para o sistema. Nossa cultura estabelece para os não dirigentes papel somente reivindicatório, contrário à posição de quem tem o poder de decidir. Entre outras condições, é preciso dispor-se a deliberar com responsabilidade, principalmente em situações de perdas.
Nessas circunstâncias, o IBRASCOOP merece a maior consideração. Possivelmente, não haja fator mais relevante para conquista de uma sociedade progressista e harmônica do que o alcance de uma cultura cujo esboço preponderante seja o da cooperação.
*Tito Armando Rossi é cooperativista, tendo produzido livros e artigos importantes sobre cooperativismo. Foi presidente da Unimed Nordeste RS, e um dos seus fundadores.