(Texto de Pedro Inacio Mezzomo)
Aproveitando o tempo de isolamento social devido ao coronavirus, encontrei um texto que escrevi há mais de 10 anos, para uma publicação local. Serve para o momento de reflexão que vivemos, para valorizar a área da saúde.
“Creio que o idealismo, até cerca de 20 anos atrás, era o fator que mais impulsionava os jovens para a escolha da carreira de médico. Continuamos idealistas? Sim. Mas a diferença é que naquela época tínhamos mais autonomia e éramos líderes locais. Ao médico era legada uma importância profissional igual das maiores autoridades. A estas personalidades era atribuída a responsabilidade de conduzir e orientar a comunidade. O trabalho era intenso e a relação médico-paciente era melhor. O termo intermediário era desconhecido pela nossa classe e os ganhos eram maiores, pois a valorização estava no trabalho “artesanal”. Atualmente, repetindo o que muitos já disseram, parece valer mais (ao médico, ao paciente e até perante a lei) o exame complementar, sabidamente caro.
Hoje somos em grande número disputando o mercado. Muitas são as mudanças atuais. A globalização exige rapidez nas decisões, ousando naquilo que não estamos acostumados. Passou o tempo do individualismo. Nossa atuação deve exercer influência sobre as políticas públicas, precisamos ser mais gestores e menos subordinados, precisamos promover a classe, defendendo o ato médico básico, não deixando nos dominar por interesses industriais de materiais, medicamentos e seu rol de colaboradores, precisamos entender a colaboração e o trabalho coletivo, não havendo nisso maior exemplo que o cooperativismo médico.
Cooperar é a condição para se ter uma equipe, abrir-se para a troca, confiar para o conhecimento mútuo, partilhar, não só o teórico, mas também o prático, a construção, a adequação, e a sobrevivência diante das dificuldades atuais.”