Cooperativas médicas – Unimed. Perdendo sua identidade cooperativista?

(Edson Luiz Doncatto)

Nas organizações, o que norteia as suas ações e atitudes é a sua cultura organizacional. Esta cultura é o conjunto de valores, crenças, normas e práticas compartilhadas cujo pressuposto básico é a essência cooperativista, sua autonomia e independência, gestão democrática e participação dos seus membros nos seus resultados.

Na visão empresarial o foco é o de cuidar de pessoas, de forma humanizada e em constante atualização da tecnologia e do conhecimento científico, dando condições para valorizar o trabalho médico, mantendo uma estrutura estabilizada e rentável para sua sustentação, oferecendo boas condições aos Cooperados e à comunidade de cobertura.

Com frequência nas cooperativas existe uma interpretação equivocada entre igualdade e equidade. Igualdade é para expressar que cada cooperado tem a mesma representação quando é feita uma votação; tem os mesmos direitos e deveres, não importando qual o valor de sua cota capital. Muitos Cooperados se dão conta que mesmo tendo igualdade no voto, nos direitos e deveres, não tem equidade na retribuição laboral de acordo com as características de cada especialidade.

A forma de retribuição laboral ao serviço prestado, não pode ser igual para todos. Se nosso objetivo é garantir que as pessoas desfrutem das mesmas oportunidades, não podemos deixar de considerar as diferenças individuais de cada área.  Enquanto a igualdade busca tratar todos da mesma forma, independentemente da sua necessidade, a equidade deve tratar os cooperados de formas diferentes, levando em consideração o que eles precisam para atuarem e receberem retorno digno pela sua produção, na busca obrigatória de resultados positivos ao bem dos clientes.

Podemos citar, como um exemplo, o grau de dificuldade para realizar uma consulta de pediatria e que o tempo dispendido nela são diferentes de uma consulta com algumas outras especialidades, onde o atendimento é bem mais rápido, sem deixar de ser um atendimento qualificado. Ainda, é preciso considerar que em algumas especialidades acompanham procedimentos autogerados, com possibilidade de melhorar sua produção.

O problema atinge principalmente especialidades clínicas que só tem esta forma para produção. Diante deste fato algumas especialidades clínicas estão deixando de atender clientes de Operadoras, como exemplo podemos citar endocrinologia e reumatologia, entre outras diversas.

Cabe citar que algumas áreas exigem grandes investimentos em tecnologia e estrutura da Operadora para atuação do Cooperado, permitindo ganhos agregados maiores. Enquanto isso, nos consultórios os investimentos são pessoais e sem garantia de produção mínima oferecida pela Operadora, que possa suportar uma estrutura na qual todos sabemos que hoje é de alto custo ao Cooperado.

Como corrigir isto? As UNIMEDs, tem autonomia e independência. O valor da consulta médica costuma ser igual para todas as especialidades, baseado, fora algumas exceções, na tabela da AMB (Associação médica Brasileira).

A mudança, com visão na equidade, com aprovação assemblear, antecedida de intenso debate e participação dos Cooperados e administradores identificados com essa situação, pode trazer bons resultados, melhorando o interesse cooperativista, o bem do cliente e os resultados melhores para a entidade Operadora.

Se não houver AUTOAJUDA e AJUDA MÚTUA estaremos nos afastando de nossos princípios cooperativistas. É um tema a ser apresentado e discutido em todas as singulares, com participação efetiva dos Cooperados.

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